Era uma vez um homem, poderoso em bens materiais e que tinha uma casa digna de se designar um palácio, e nesta casa havia um joia rarÃssima em sua concepção, que, portanto, ninguém poderia tocar, e só poderiam a admirar se estivessem na presença de seu dono, caso contrário estaria trancada a 7 chaves. Este homem constituiu famÃlia e amigos, porém sua maior preocupação era aquela joia, e como a preservaria intocável, a não ser por ele.
O tempo, em sua função mais divina,
continuou prosseguindo, e seus filhos cresceram, sua mulher envelheceu e seus
amigos se dissiparam, antes que observasse tal feito da vida, sua esposa se
foi, seus filhos já tinham construÃdo suas famÃlias e nem próximos ficaram. Um
belo dia olhou-se no espelho e ao notar seu aspecto, reparou que já havia
envelhecido muito mais do que tinha percebido, pensou sobre o que tinha
acontecido naquele tempo todo, se perguntou onde estavam seus filhos e porque
não tinha aproveitado seu tempo ao lado de sua esposa, e onde os amigos estavam
e porque alguns já faleceram. Por um estalo em seu peito, sentiu a dor da
solidão e então notou que todos que estavam por perto se foram, e que a joia,
que tinha preservado por tanto tempo, só lhe trouxe amizades e momentos passageiros,
o regozijo em tê-la não foi o suficiente, pois não tinha mais ninguém que o
fizesse companhia, que cuidasse dele, que o amparasse naquele momento de
solidão. Pensou então que aquela joia já não fazia tanto sentido se não tivesse
pessoas com quem compartilhar seu interesse, contudo, apenas restou-lhe o
vazio, o vazio no coração e na alma, o vazio que nenhum objeto ou a joia mais
brilhante do mundo poderia preencher. Notou que a joia mais preciosa já havia
se perdido, perdido na dádiva do tempo.
Atualmente tem-se muitos retratos de
pessoas que se comunicam apenas com objetos, ou seja, pessoas que estão
fincadas em obter coisas que dizem ser de valor, como carros, roupas,
celulares, utilizando-os como artificio para conseguirem a atenção dos outros
em volta, ou para conquistar amizades, romance, admiração, entre outros
aspectos. Não que não se possa ter tais aquisições, mas obtê-las com a finalidade
de convencer os outros de que você seja melhor que o outro e pôr o valor
sentimental de tais objetos maior do que as pessoas que compartilham momentos
especiais com você pode causar grandes frustrações no futuro.
A busca incessante pela riqueza de
aquisitivos é uma vertente que atrai muitos olhares e sentimentos indesejados,
como os amigos falsos, a inveja, o conflito e até mesmo a falta de paz. Vejamos
o exemplo do paÃs, passando por uma fase de delação onde bandidos do plenário,
que deviam estar lutando pelas causas do bem comum, estão sendo envergonhados e
odiados, e não só isso, as pessoas em que os meliantes confiaram para participar
dos atos ilÃcitos são os mesmos que apontam o dedo para acusar. E isto porque?
Pelo fato do salário robusto não ser suficiente, e essa habilidade de querer
sempre mais mesmo sem caber na boca ou na barriga, ou até mesmo na vida,
prejudica não só a pessoa em si, como também os outros em volta, e no caso da polÃtica
esses outros sãos a maioria das pessoas de classe operária que pagam seus
deveres (tributos), e mesmo assim prosseguem a vida e se mantêm de pé, para conseguir
suprir as necessidades da famÃlia, seja ela como for.
A questão é que as pessoas comuns que
estão precisando da metade daquele salário robusto para serem estáveis
financeiramente conseguem prezar mais pelo outro, do que aquele que tem
"tudo" que o estético pode oferecer, e talvez a resposta seja o vazio
que nada material possa suprir.
Não precisa ir tão longe para encontrar indivÃduos
que tenham o perfil de "ostentação", as vezes eles estão em nossas famÃlias,
ou em grupo de amigos, prontos para competir com algo material. E o que se deve
esperar dessas pessoas?
Deve-se esperar que um dia elas reconheçam
o valor da famÃlia, dos amigos, da dádiva de acordar todos os dias pela manhã
sem alguma doença grave, de pode ir dormir com o "boa noite" do
companheiro(a), o valor da descoberta dos filhos, e a admiração dos mesmos, e
saber que não é pecado lutar e conquistar a estabilidade financeira\material,
mas é pedir o inferno se viver a mercê de tais materialidades, sem valorizar o
que há de mais belo na vida: o compartilhar da existência.
Ambos textos de autoria: Elizabeth França
Créditos Imagem: https://pixabay.com/pt/users/FelixMittermeier-4397258/
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